Pequim, 26 out (Lusa) - As autoridades chinesas bloquearam o acesso ao portal do The New York Times, após o jornal norte-americano ter publicado um artigo acusando o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, de ter acumulado uma enorme fortuna durante a permanência no governo. Quando se tenta ter acesso à versão em inglês ou em chinês do jornal, surge um sinal de erro no portal, o qual também aparece quando se escreve "The New York Times" em motores de pesquisa como o Google ou o Baidu, segundo confirmou nesta sexta-feira (26) a agência noticiosa espanhola Efe.
Além disso, de acordo com cibernautas, algumas ligações ao artigo publicado em redes sociais chinesas, como o Sina Weibo, também foram apagadas. O artigo acusa a família de Wen Jiabao, que em março abandona o cargo de primeiro-ministro, de ter acumulado uma enorme fortuna em segredo, através de negócios em bancos, joalharias, infraestruturas, telecomunicações e complexos turísticos.
A agência de notícias francesa AFP, que também confirma o bloqueio do portal do jornal, refere que Wen Jiabao, que gosta de lembrar as suas origens humildes, tem atualmente uma fortuna de, pelo menos, 2.400 milhões de dólares.
Outros meios de comunicação social já tinham publicado artigos sobre o assunto e em especial sobre as suspeitas de que Zhang Peili, mulher de Wen Jiabao, monopolizou o comércio de diamantes da China, aproveitando-se do poder do marido.
O diário norte-americano indica que investigou as atividades da família de Wen Jiabao desde 1992, incluindo os dois filhos, um irmão e um cunhado do primeiro-ministro chinês.
Não é a primeira vez este ano que a China bloqueia o acesso ao portal de um meio de comunicação social norte-americano na sequência da publicação de matérias "sensíveis" sobre um dos seus políticos.
Em junho fez o mesmo com a agência Bloomberg, após a divulgação de um artigo idêntico sobre os pormenores da riqueza do vice-presidente chinês, Xi Jinping, apontado como favorito ao cargo de Presidente do gigante asiático a partir de 2013. Wen Jiabao, 70 anos, considerado um reformista, termina em março de 2013 o segundo e último mandato à frente do governo.