A grande surpresa da viagem de Dilma Rousseff aos Estados Unidos, marcada para o domingo, pode ser a apresentação da senadora Marta Suplicy ao presidente Barack Obama, como futura embaixadora em Washington. É uma decisão que, cada vez mais, reforça o corte de gênero que vem sendo dado ao governo Dilma. Depois da primeira mulher presidente, da primeira presidente da Petrobras e de várias ministras, o Brasil teria também a primeira representante feminina na principal embaixada estrangeira. No entanto, a escolha repercutiu mal no Itamaraty.
A possibilidade de a senadora ocupar o cargo de embaixadora do Brasil em Washington não pegou bem no meio diplomático e pode deixar o chanceler Antonio Patriota em maus lençóis diante de seus pares. Já há até quem fale em pedido de exoneração do ministro das Relações Exteriores. Leia detalhes em nota do jornalista Claudio Humberto:
Provocou grande indignação entre diplomatas a escolha, dada como certa, da senadora Marta Suplicy (PT-SP) para o cargo de embaixadora do Brasil em Washington. A indicação mostra que a presidenta Dilma soterrou uma das mais acalentadas conquistas do Itamaraty, de confiar postos no exterior apenas a profissonais da diplomacia. "A notícia é uma bomba", admite um embaixador brasileiro na América Latina, irritado com a "atitude acovardada" do chanceler Antonio Patriota. "Num paralelo com meio militar, tal decisão equivaleria a nomear um civil (ou senadora) para o comando do Primeiro Exército, tamanha a desmoralização para a Casa." O precedente preocupa diplomatas mais experientes. "Se uma Embaixada como a de Washington pode ser chefiada por alguém fora da carreira, qualquer outra poderia. Está aberta - aliás, escancarada - a porteira. Vai ser uma festa.", diz um integrante cúpula do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília. De uma maneira geral, os diplomatas estão entre incrédulos, esperando que a presidenta Dilma pense melhor no assunto, e aqueles que acham que o chanceler Antonio Patriota não tem alternativa senão encaminhar seu pedido de exoneração junto com a indicação de Marta Suplicy. E até ironizam, afirmando, que, nas atuais circunstâncias talvez fosse até melhor que a senadora substituísse o próprio ministro Patriota - que, ao contrário do antecessor, "não luta, nem resiste"