É com pesar que a ABRAF informa o falecimento ocorrido hoje, 22/01/2012, de Expedito Vianna. Foi professor na UFMG e primeira flauta na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Foi um ícone na história do ensino da flauta em Minas Gerais e no Brasil. Expedito desenvolveu um trabalho muito diferenciado que, em parte, se deveu muito à sua aproximação com o canto. Fâ do tenor italiano Benamino Gigli, Expedito ficava impressionado com os harmônicos que surgiam da voz de Gigli, quanto este mudava as vogais. Assim, movido por uma aguçada curiosidade e competência nata, pesquisou e estudou no canto os harmônicos provenientes da utilização das vogais. Com resultados satisfatórios, naturalmente aplicou sua pesquisa no cotidiano de seus estudos de flauta e também em suas aulas, diferenciando assim a qualidade da sonoridade de seus alunos. Como muito bem declarou Maurício Freire na dissertação de Fernando Pacífico Homem sobre a pedagogia de Expedito, defendida no Programa de Pós-Graduação em Música da UFMG: "sem acesso a bibliografia, latoratórios ou outros recursos, apenas com seu talento e intuição, Expedito realmente pode ser considerado um flautista à frente de seu tempo".
Raul Costa d'Avilla
Expedito Vianna (1928 / 2012)
Natural de Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, Expedito nasceu em 07 de outubro de 1928. Descendente de uma família de numerosos irmãos (11), todos estudaram música e quase todos se tornaram profissionais.
Seu estudo de música foi iniciado aos sete anos de idade, através do flautim, com seu irmão mais velho, Sebastião Vianna.
Formalmente sua formação foi realizada na Bahia e em Minas Gerais. Na Bahia, estudou nos Seminários Livres de Música - importante movimento musical iniciado em Salvador nos anos 50, tendo como um de seus articuladores o Prof. Hans Joachim Koellreutter. Lá estudou flauta com Armin Guttman, canto com Hilde Sinnek e matérias teóricas com o próprio Koellreutter.
Em Belo Horizonte concluiu o curso superior de música no antigo Conservatório Mineiro de Música (atual Escola de Música da UFMG), sendo aluno do Prof. Fausto Assumpção.
Profissionalmente Expedito atuou inicialmente na Orquestra da Polícia Militar de Minas Gerais. Posteriormente, a partir de 1965, foi convidado para ministrar aulas de flauta e atuar como flautista da Orquestra dos Seminários Livres de Música, Salvador/Bahia. De volta a Minas Gerais, atuou como professor na Fundação de Educação Artística, em Belo Horizonte, na Escola de Música da UFMG, e como primeira flauta da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Paralelamente, com sua esposa, a harpista Myriam Rugani Vianna, manteve um Duo de Flauta e Harpa, além de vários outros trabalhos camerísticos.
Dos alunos de Expedito, podemos destacar nomes que hoje vêm atuando profissionalmente em orquestras, instituições de ensino, grupos musicais e free lancers. Entre eles estão Tuzé Abreu (Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia), Elena Rodrigues (UFBA / OSBA), Lucas Robatto (UFBA / OSBA), Artur Andrés (UFMG / UAKTI), Eduardo Delgado (free lancer), Felipe Amorim (Fundação de Educação Artística), Fernando Pacífico (Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSEMG), Universidade Estadual de Minas Gerais), Lena Horta (Conservatório Brasileiro de Música / RJ), Bernhard Fuchs (Universidade Estadual de Maringá), Maurício Freire (UFMG), Mauro Rodrigues (UFMG), Raul Costa d'Avilla (Universidade Federal de Pelotas), entre outros.
Existe uma importante pesquisa desenvolvida por Fernando Pacífico Homem, no Programa de Pós-Graduação em Música da UFMG / 2005, com o título:
Expedito Vianna: Um flautista à frente de seu tempo.
