2011/06/16 por Luciano Sodré.
O mineiro Diego Armando Guimarães, 24 anos, natural de Ferruginha, distrito de Conselheiro Pena, morreu durante a travessia da fronteira do México com os Estados Unidos. Segundo relatos de Cláudio Afonso, 22 anos, um amigo de viagem, a morte pode ter sido causada por desidratação. A morte aconteceu dia 8 e somente no final de semana passado é que o caso tornou-se público, depois que ele conseguiu atravessar a região e ser socorrido por oficiais de imigração. Eles iniciaram a viagem dia 24 de maio e ficaram vagando 17 dias pelo deserto.
Emocionado ele conta que sem ajuda de ninguém, ele cavou um buraco com as mãos e enterrou, parcialmente, o corpo do amigo. Ainda abalado com a história, Cláudio está em um centro de detenção do Departamento de Imigração de Houston, no Texas.
Segundo relatos de Cláudio, Diego já estava abatido antes de iniciarem a viagem pelo deserto e vomitava muito. O sol escaldante e a temperatura a mais de oitenta graus foram fundamentais para que ele ficasse mais debilitado. “Ele pode ter morrido de parada cardíaca, pois parou de respirar três minutos depois de cair agonizando”.
Eles estavam em um grupo de 25 imigrantes e quando Cláudio morreu, o coiote sentou, cruzou os braços e ordenava que ele se apressasse e economizasse a água. O brasileiro cavou o buraco e enterrou o amigo sem a ajuda de ninguém.
Cláudio foi preso por agentes de imigração dois dias depois de entrar na cidade de Houston. Por telefone ele contou toda a história para sua mãe, que também mora em Ferruginha. Ela quer que o filho seja deportado o mais rápido possível, pois pode estar precisando de tratamento psicológico. “Ele está muito abalado e posso sentir isso em sua voz”, conta ela.
Até o fechamento desta edição o corpo ainda não havia sido encontrado e a família do brasileiro está procurando ajuda junto ao Governo Brasileiro no sentindo de localizar e transladar o corpo para o Brasil.
A mãe de Diego, Maria Araújo Guimarães, que é viúva há 22 anos disse que sua única fonte de vida e esperança era o seu filho, “mas tudo morreu junto com ele”. Ela conta que o rapaz tinha como objetivo chegar ao estado de Massachusetts, onde há seis anos vive a sua irmã Graziella Mônica Guimarães.
Maria conta, ainda, que os planos de Diego era de retornar ao Brasil em no máximo cinco anos, pois tinha como sonho reformar a casa de sua mãe abrir seu próprio negócio em Ferruginha. “Ele queria me ajudar sem sair de perto de mim, pois cuido de duas filhas com problemas mentais, uma de 36 e outra de 31 anos de idade.
Durante uma entrevista ao site Hoje em Dia do portal R7, ela explica que agora a “única coisa que quer é trazer o corpo do filho de volta”. Ela relatou, ainda, que 15 dias antes de iniciar a viagem, o filho havia sofrido um acidente de moto e fez a mãe jurar que se morresse, ela cremaria o seu corpo. “Ele tinha medo de ser enterrado”, fala. Outro sonho relatado pela mãe é que Diego era evangélico e queria se tornar pastor.
Quanto aos valores pagos e quem foram os agenciadores que levaram Diego até às mãos do coiote, a mãe optou por não comentar, pois teme pela própria vida. “A única coisa que quero é o corpo do meu filho”, fala.