Boston, 18 de marco de 2011, por Paulo Monauer. Um esquema ilegal de remessa de dólares dos Estados Unidos (EUA) para o Brasil, que trouxe para o país mais de R$ 28 milhões em menos de um ano, foi denunciado ontem à Justiça pelo Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPF-MG). Clóvis Moreira Costa, Adriano Lopes dos Santos e Higino Pinto dos Santos são acusados de fazer operações cambiais em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, usando uma empresa de fachada.
O suposto golpe, de acordo com as investigações policiais, teria sido aplicado entre 2003 e 2004. Os acusados movimentavam, conforme a Polícia Federal, as quantias por meio da conta bancária de uma suposta microempresa prestadora de serviços publicitários. Os dólares partiam dos imigrantes baseados nos Estados Unidos com destino aos familiares no Brasil. O modelo da operação é conhecido como dólar-cabo, paralelo ao sistema financeiro e bancários tradicionais. Os imigrantes procuravam agências cambiais nos EUA e repassavam dólares a elas.
Essas agências entravam em contato com parceiros no país, entre eles a microempresa denunciada, que tinham a responsabilidade de depositar quantias em reais nas contas indicadas pelas casas cambiais americanas. À Polícia Federal, beneficiários dos depósitos confirmaram que os recursos eram provenientes do exterior. A versão apresentada por Clóvis Costa é a de que teria emprestado seu nome para a abertura da conta. Adriano Santos e Higino Pinto confirmaram ter movimentado a conta por meio de procuração. Entre 2003 e 2004, passaram pelo esquema exatamente R$ 28.387.622,44 Eles podem pegar de um a quatro anos de prisão caso condenados.
INQUÉRITOS O delegado-chefe da Polícia Federal em Governador Valadares, Cristiano Campidelli, afirma que os ganhos com as operações decorrem tanto da cobrança de taxas quanto da variação cambial. “Assim como esse operador recebe nos EUA em dólar e deposita em real, ele faz o caminho inverso”, explica. Isso só pode ser feito com autorização do Banco Central. Campidelli destaca que, muitas vezes, as operações de dólar-cabo são feitas por empresas ilegais nas duas pontas, tanto nos EUA quanto no Brasil.
O delegado-chefe observou que constam na PF vários inquéritos contra os acusados. Segundo Campidelli, apenas os operadores das empresas envolvidas são responsabilizados pelo delito e não os beneficiários dos depósitos. Por Thobias Almeida - contribuição para o JS de Francisco Fornero de Everett - MA