Uma carta endereçada ao Ministério Público pela ex-mulher do goleiro Bruno Fernandes, Dayanne Rodrigues, acusa Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, de ter planejado matar também o filho recém-nascido da modelo paranaense Eliza Samudio, ex-amante do atleta. A carta foi remetida ao promotor de Justiça Gustavo Fantini em setembro, mas somente ontem a autoria foi confirmada por Dayanne, a primeira dos nove acusados a ser ouvida no processo sobre o desaparecimento e suposta morte da modelo.
O depoimento foi lido, ontem, na frente dos acusados de ter sequestrado e assassinado a modelo Eliza Samudio Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
A carta foi lida pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dayanne confirmou que, em conversa com o primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, ele teria afirmado a intenção de Macarrão de eliminar o bebê, fruto das disputas entre o jogador e Eliza. A criança, que vive com a avó materna no Mato Grosso do Sul, completa nove meses amanhã. ´Ter cuidado da criança foi meu erro mais acertado`, afirmou a ex-mulher de Bruno. Dayanne confirmou a autoria da carta, reafirmando que não tinha a intenção de esconder o filho de Eliza e que tomou conta dele a pedido do ex-marido.
No depoimento, ela revelou que viu Eliza pela última vez na noite de 10 de junho. Por volta das 19h30, de acordo com Dayanne, Eliza foi levada por Macarrão e pelo primo de Bruno, um adolescente de 17 anos, num EcoSport. Em seguida, ela conta ter saído de carro para levar uma amiga ao médico e retornado às 21h. Cerca de 5 minutos depois, Macarrão e o adolescente voltaram só com o bebê. O menor estaria assustado. O ex-marido disse que Eliza tinha viajado a São Paulo, para buscar suas roupas. Dayanne conta ter sentido, em seguida, cheiro de queimado. Bruno teria dito que havia ateado fogo ao lixo nos fundos da casa. Depois, a polícia apurou que era a mala com pertences de Eliza.
Dayanne foi presa em 26 de junho, tentando esconder o bebê, a pedido de Macarrão, segundo ela. Libertada no mesmo dia, afirma ter ido para a casa da avó de Bruno, dona Estela, onde encontrou o primo do goleiro. O promotor Gustavo Fantini disse que esperou o depoimento da ré para confirmar se a carta era realmente dela, para anexar ao processo. Outro motivo seria o de evitar eventuais pressões. Para o advogado Antônio Francisco Patente, contratado pela mãe de Eliza, Sônia de Fátima Moura, a carta reforçaria a autoria do crime atribuído principalmente a Macarrão, Bruno e ao ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que, conforme o inquérito, teria estrangulado, esquartejado e alimentado seus cães com partes do corpo da vítima.
Os depoimentos dos réus prosseguem hoje e amanhã. Ontem, além de Dayanne, foram levados ao fórum Elenilson, Flávio, Wemerson e Sérgio. A mãe de Eliza acompanhou a audiência. A Justiça de Foz do Iguaçu (PR), que a concedeu a guarda do neto, a proibiu de levar o bebê. (Pedro Ferreira, de O Estado de Minas)
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/11/09/brasil5_0.asp