Casal brasileiro identificado na chacina do Mexico sonhava com a casa propria

Boston, MA 29 de setembro de 2010 por Luciano Sodré. A Polícia Federal confirmou na semana passada, que mais dois corpos mortos na chacina ocorrida em Tamaulipas, no México, foram identificados como sendo de brasileiros. Trata-se do casal paraense Edilsimar Junior Faustino da Silva, 23 anos, e Natane Amaral da Silva, 22 anos. Os dois saíram de Rondon do Pará no dia 23 de julho e tinham como sonho conseguir dinheiro para comprar a casa própria e proporcionar melhores condições de vida para a filha de 11 meses.

Agentes da polícia federal estiveram na cidade de Rondon e levantaram algumas informações sobre o casal. Junior e Natane saíram do Pará em direção à São Paulo, onde foram colocados em um avião em direção à Guatemala. Posteriormente foram conduzidos até a cidade de Reinosa, em Tamaulipas – um dos pontos mais usados para a travessia da fronteira dos Estados Unidos. Segundo informações das autoridades mexicanas, pelo menos 200 pessoas já estavam aguardando a sinalização dos “coiotes” para iniciarem a aventura.

Segundo a família, foi justamente nesta espera que o casal fez o último contato. Os pais de Edilsimar, Adircemar Ribeiro da Silva e Vera Lúcia Faustina da Silva, foram notificados por agentes federais da morte do casal. “Eles no informaram que realizaram exames de DNA e ficou confirmado que um corpo era de nosso filho e o outro de nossa nora”, se emociona ao lembrar-se da história.

Para realizar os exames, os agentes federais permaneceram por mais de uma semana em Rondon, onde colheram amostras de sangue de parentes para a realização do DNA. Vera Lúcia, está sob cuidados da família e tratamento médicos, pois desde que soube da morte do filho, ela entrou em pânico. “Eu pressentia que eles não voltariam vivos”, fala ela, lembrando que Edilsimar era um bom filho e que muitas vezes deixava de fazer coisas para ele para ajudar as pessoas. “Ele não merecia morrer desta maneira”, se desespera. “Perdi um grande filho”, acrescenta o pai.

Ainda não ficou confirmada a data em que os corpos do casal serão enviados para o Brasil, para que os parentes possam dar o último adeus. A irmã de Natane, Dayanne Santos e Silva, disse que reconheceu as roupas da irmã e do cunhado quando viu um vídeo na internet que mostrava os corpos da chacina.

A mãe de Natane, Ruthléia Amaral da Silva, recebeu a notícia de forma tranquila mas passou mal logo em seguida e precisou ser internada no Hospital Municipal de Rondon. Já o pai da brasileira, Vilewalter Silva, o qual recentemente foi acometido de derrame e bastante debilitado com problemas para se locomover e ouvir, parece que não entendeu que a filha morreu.

A falta de informação sobre a data do translado do casal está deixando a família mais apreensiva ainda. “A Polícia Federal informou que não tem previsão para a liberação dos corpos, que ainda estão em solo mexicano.

O casal está entre os quatro brasileiros que já foram identificados na chacina que culminou na morte de 72 pessoas que tentavam atravessar a fronteira do México e entrar de forma ilegal nos Estados Unido. Eles foram mortos por membros do grupo identificados por Los Zetas. Segundo o sobrevivente do massacre, Luis Freddy Lala Pomavilla, os narcotraficantes teriam oferecidos trabalho aos imigrantes como pistoleiros de aluguel por um salário de mil  quinzenais.

ALERTA
A Polícia Federal alerta que familiares e amigos de cidadãos brasileiros que tenham partido para o norte do México no período do massacre, e que tenham perdido contato desde então com os familiares, devem fazer contato com o Núcleo de Assistência a Brasileiros, do Ministério das Relações Exteriores, por meio dos números (61) 3411-8804, 3411 8805 ou 3411 8818, ou através do e-mail dac@itamaraty.gov.br.