Belo Horizonte, 9 de julho de 2010. O goleiro do Flamengo Bruno Fernandes foi indiciado na última quarta-feira (7) como mandante do sequestro de Eliza Samudio, de 25 anos. Bruno, seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, também conhecido como Bola, estão presos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG). Eles são os principais suspeitos do caso.
Além deles, já estão presos Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, mulher de Bruno, um menor de 17 anos, primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales Camelo, também primo do jogador, Wemerson de Souza, o "Coxinha",Flávio Caetano de Araújo e Cleiton da Silva Gonçalves, amigos de Bruno, e Elenilson Vitor da Silva, administrador do sítio de Bruno.
De acordo com o advogado criminalista ouvido por ÉPOCA, James Walker, na somatória, a pena do goleiro Bruno (confira no quadro abaixo os crimes pelos quais ele pode ser acusado) pode passar dos 60 anos. O advogado diz ainda que o jogador pode ir a júri popular. "Os crimes dolosos contra a vida, em que há a intenção de matar, vão a júri popular. Os crimes que não são do mesmo tipo, como o sequestro, vão a júri popular se tiverem sido um degrau para a prática do homicídio”, afirma Walker.
O advogado estima que, se for condenado, Bruno pode cumprir pelo menos 17 anos de prisão, já levando em conta a progressão de pena. “Só não dá para dizer o tempo matematicamente, porque há muitas variáveis”, diz.
Nesta sexta-feira (9), o Corpo de Bombeiros retomou as buscas pelo corpo de Eliza Samudio no sítio alugado no pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Com auxílio de cães farejadores, 40 homens vasculharam o local. Nada foi encontrado.
A polícia já trabalha com a hipótese de não encontrar o corpo de Eliza. Mas, se isso realmente acontecer, como ficam as acusações? Segundo o advogado criminalista Rodrigo Fragoso, a falta de cadáver não retira a materialidade do crime.
“Se as provas testemunhais e indícios fortes mostraram que o homicídio aconteceu e o corpo foi ocultado, o Código Penal afirma que esses indícios podem suprir a ausência do corpo", diz.
Crime | Pena |
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Sequestro | 2 a 8 anos |
Lesão corporal | 3 a 10 anos (mas pode ser reduzida porque o crime não foi consumado) |
Cárcere privado (RJ) | 1 a 3 anos |
Cárcere privado qualificado (MG) | 2 a 8 anos (as condições são mais cruéis e resultaram na morte da Eliza) |
Tortura | 2 a 8 anos |
Homicídio triplamente qualificado | 12 a 30 anos (o motivo fútil, não querer pagar pensão alimentícia, é um dos agravantes) |
Formação de quadrilha | 1 a 3 anos |
Ocultação de cadáver | 1 a 3 anos |
Total | 24 a 74 anos |
Fonte: Revista Época