Washington D.C. 3 Maio 2010. O Jornalista Samuel Sales Saraiva, cidadao brasileiro e americano, membro da Associacao de jornalistas em Washington, D.C. enviou carta ao presidente Lula clamando pelo adiamento de qualquer medida objetivando o processo de institucionalização da Conferência “Brasileiros no Mundo” (CBM) e do Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior (CRBE). Segundo o jornalista, por conversa ao telefone informou à equipe do jornal.us que tem muita gente querendo ser representante unicamente pelo interesse próprio, e não pela comunidade. "Nessa história tem muito cacique pra pouco indio, os brasileiros aqui estão sendo facilmente ludibriados." disse Samuel.
Em carta enviada ao Presidente Lula, o jornalista pede o adiamento imediato destas eleições, a espera de leis que ainda estão sendo aprovadas para a legitimidade da eleição.
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidência da República
Brasília - DF
Washington DC, 03 de Maio de 2010
Ref.: Importância de não se Institucionalizar o Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior antes da deliberação sobre sua Representação Política em curso no Congresso Nacional
Excelentíssimo Senhor Presidente:
Como cidadão brasileiro residente no exterior há quase duas décadas, inspirado e confiante no bom senso de V. Exª e sua Equipe, gostaria de sugerir o adiamento de qualquer medida objetivando o processo de institucionalização da Conferência “Brasileiros no Mundo” (CBM) e do Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior (CRBE) pelas seguintes razões, que julgo fundadas e óbvias, s.m.j:
Existem no Congresso Nacional duas Propostas de emenda à Constituição: uma de autoria do Sen. Cristovam Buarque, dispondo sobre Representação política para brasileiros residentes no exterior pelo sistema majoritário; outra, sugerida por mim, de autoria do ilustre Deputado Manoel Junior, prevendo tal processo de representação pelo sistema proporcional.
Caberia, pois, ao Congresso cumprir suas prerrogativas em relação à representação política, o que deve ser feito sem açodamento e através de amplo debate entre Estado e Sociedade.
O canal de diálogo entre as Comunidades Brasileiras no exterior e o Governo Brasileiro será legitimamente constituído pelos representantes escolhidos pelos cidadãos em processo de legitimidade inquestionável, e não nos moldes atuais, vez que a parcela de brasileiros “indocumentados, majoritária no ramo de construções e de serviços domésticos ou pesados, que dispensam especialização, está privada de participar das eleições do Conselho de Representantes, em face de sua própria situação legal.
Essa exclusão antipática e sobremodo odiosa permite que os atuais representantes vivam uma realidade elitizada sob o manto do status da legalidade imigratória e se distanciem daqueles trabalhadores que mourejam na construção civil ou como diaristas, em atividades terciárias, onde maior qualificação é dispensável e até desejável, do contrário o trabalho seria recusado.
Com a aprovação da representação política em andamento no Congresso perderá sentido o tal Conselho de Representantes, vez que as atribuicões dos parlamentares eleitos cobrem exatamente a interlocução das respectivas Comunidades com o Poder Público, de par com a fiscalização das atividades diplomáticas e consulares do Brasil no exterior.
Nunca foi inerente à atividade consular a participação direta em atividades de natureza politico-comunitária, com o agravante do gasto injustificável de recursos públicos oriundos do Brasil.
Não são poucos os cidadãos que tenho ouvido questionarem a manipulação pelo MRE da organização comunitária brasileira no exterior mediante os minguados recursos provenientes dos contribuintes brasileiros que haveriam de preferir fossem eles empregados na origem, onde há muita carência.
A propósito, também tramita no Congresso nacional projeto de lei dispondo sobre a criação de alíquota de 2% sobre remessas do exterior, não negociais, de autoria do mesmo Parlamentar Manoel Jr, a quem sugeri a idéia, com base em minha própria experiência e de outros brasileiros em terras estranhas. Essa contribuição visa a atender os brasileiros na diáspora em situação emergencial, além de outras providências. .
Qualquer cidadão pode contatar os membros do Congresso e sugerir, expor, denunciar ou pleitear, sem que haja necessidade de “Conselho” algum, ou de bajular nossa Representação Diplomática, para o exercício da cidadania, do que as duas propostas de legislação retromencionadas são exemplos, apenas com o objetivo de melhorar as condições dos brasileiros que num momento difícil buscaram trabalho em outros países.
Confiante na filosofia de seu Governo democrático, comprometido como o bem estar do povo, das massas, voltado para seus anseios, sem esquecer a parcela dos que se acham na diáspora, espero que o assunto seja estudado combom senso e transparencia, para que um simples decreto monocrático não atropele os projetos de lei que tramitam no Parlamento Nacional, eis que o assunto exige debate e diálogo em benefício de todos, especialmente dos excluídos do processo de participação nos Conselhos de Representantes, em virtude de circunstâncias alheias à sua vontade. Acompanho com muito interesse sua Política e louvo sua luta pela INCLUSÃO. É o caso, Presidente. Meu argumento é nessa linha: inclusão dos que não podem votar nos Conselhos de Representantes, ou serem votados.
Pelo exposto rogo a V. Exª e sua competente Equipe que aguardem a deliberação do Congresso sobre a matéria antes de adotar medidas precipitadas que haveriam de matar os anseios da grande maioria de trabalhadores anônimos no exterior, sem oportunidade de se manifestarem nos Conselhos, e a quem os precitados projetos de lei contemplarão ao lhes permitir escolher seus representantes, que não se encontram entre as elites dos tais “Conselhos” ou na “Conferência”.
Respeitosamente,
Samuel Sales Saraiva
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