PLAYA DEL CARMEN, México (Reuters) - A América Latina pretende criar durante a cúpula do Grupo do Rio um novo organismo diplomático que não inclua os Estados Unidos, enquanto muitos asseguram que a Organização dos Estados Americanos (OEA) fracassou em suas tentativas de integrar uma região dividida entre esquerda e direita.
Na chamada Cúpula da Unidade da América Latina e do Caribe, que começou nesta segunda-feira no balneário mexicano de Playa del Carmen, os participantes tentarão estabelecer um bloco pelo qual falem em uníssono nos fóruns multilaterais, sem o domínio norte-americano.
"É hora de concretizar a unidade de latino-americanos e caribenhos (...), um espaço que consolide e aprofunde nossos processos democráticos e que valide as liberdades de todos", disse o presidente mexicano, Felipe Calderón, ao abrir a cúpula.
A ideia é que o novo organismo reúna o Grupo do Rio e a Comunidade do Caribe (Caricom), funcionando paralelamente à OEA, criticada no seu papel de guardiã da democracia regional depois dos seus infrutíferos esforços para reverter o golpe de Estado de junho em Honduras.
A iniciativa tem ainda o apoio dos presidentes de esquerda da região, como o venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales.
"Viemos com muita força apoiar a ideia de criar uma organização de repúblicas, uma organização do povo, distinta da Organização dos Estados Americanos, que funcionou sempre sob a hegemonia dos Estados Unidos", disse Chávez ao desembarcar no balneário caribenho na noite de domingo.
O venezuelano, junto ao presidente cubano, Raúl Castro, defendeu em várias ocasiões a dissolução da OEA. No fim de semana, Morales afirmou que é preciso criar "uma nova OEA sem os Estados Unidos."
Aos olhos dos especialistas, a OEA não conseguiu por completo integrar uma região dividida entre esquerda e direita. Cuba ainda se nega a reintegrar o organismo, depois de uma suspensão de quase meio século por pressões dos EUA.
E, para piorar, no ano passado a OEA não conseguiu reverter o golpe militar em Honduras.
Durante a cúpula do Grupo do Rio, que também conta com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse ter obtido apoio regional para seus protestos contra a exploração de petróleo pelos britânicos na região das ilhas Malvinas, reivindicadas por Buenos Aires.
"Agradeço em nome do nosso governo, em nome do meu povo (...), o apoio que este encontro deu às nossas reivindicações", disse ela durante o evento.
Yahoo!Noticias via Jornal.us