Porto Príncipe (AE) - A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu que vai interromper imediatamente o envio de medicamentos caso descubra que hospitais haitianos estão cobrando os pacientes pelos serviços prestados. Logo após o catastrófico terremoto de 12 de janeiro, as autoridades decidiram que todos os cuidados médicos seriam gratuitos. Mais de 200 entidades internacionais enviaram grupos para ajudar as vítimas e milhões de dólares em medicamentos doados foram enviados ao país.
Funcionários da ONU disseram à Associated Press que cerca de doze hospitais - tanto públicos quanto privados - começaram a cobrar os medicamentos dos pacientes. Eles disseram que não tinham como fornecer os nomes dos hospitais, mas afirmaram que eles estão localizados em várias partes do país, incluindo Porto Príncipe.
“A quantidade de dinheiro enviada é enorme”, disse Christophe Rerat, da Organização Pan-Americana da Saúde, a agência de saúde da ONU na região. Ele disse que cerca de US$ 1 milhão em medicamentos foram enviados dos despósitos da ONU para hospitais haitianos apenas nas últimas três semanas. Os hospitais não precisam cobrar dos pacientes para pagar seus funcionários porque o Ministério da Saúde do Haiti está usando o dinheiro de contribuições para pagar seus funcionários, lembrou Rerat.
O Haiti conta com cerca de 90 hospitais, incluindo instituições públicas e privadas, além de hospitais de campanha montados após o terremoto. Um integrante da comissão governamental criada para lidar com a crise humanitária, doutor Jean Hugues Henry, disse não saber da existência de hospitais que estejam cobrando por serviços ou medicamentos.
Funcionários da ONU disseram que cortarão imediatamente o fornecimento de recursos para qualquer hospital que cobrar pelos serviços prestados. Mas a ONU estuda manter o fornecimento para organizações não-governamentais que trabalhem em hospitais privados se esses grupos assegurarem que nenhum paciente receberá cobrança pelo atendimento médico.
A embaixadora da boa vontade da ONU, a atriz Angelina Jolie, se dirige ao Haiti, onde deve se encontrar com as vítimas no terremoto, depois de ter conversado com sobreviventes na vizinha República Dominicana.
Funcionários da ONU e sobreviventes do terremoto estão de olho no céu. Não houve chuvas significativas desde o desastre, mas todos sabem que essa situação não vai perdurar.
A estação das chuvas no Haiti é mortífera mesmo em anos bons. Agora, na devastada capital, as chuvas de primavera ameaçam provocar deslizamentos de terra e trazer problemas de saúde para os campos de refugiados onde mais de 500 mil pessoas vivem.
A chuva já cai em algumas partes do país, mas na destruída capital, onde a maior parte dos danos foi registrada, ainda não choveu, uma raridade nesta época do ano, quando as chuvas no período da tarde são comuns. As chuvas fortes devem começar até o final do mês e a estação dos furacões começa em junho.
Trabalhadores humanitários correm para retirar as vítimas das planícies que podem sofrer inundações e colocá-las em barracas. Eles também tentam limpar as toneladas de escombros das ravinas, canais e leitos de rios para evitar que a água da chuva não transforme os acampamentos em locais de dispersão de doenças.
“Haverá preocupações com a saúde”, disse o engeheiro Mario Nicoleau, do escritório da Agência Internacional para o Desenvolvimento no Haiti. “Os riscos serão enormes.”
Fonte: Tribuna do Norte via Jonal.us