A primeira visita oficial à Rússia do presidente americano, Barack Obama, marcou o início de uma nova era na relação entre os dois países, que há menos de 20 anos ainda se consideravam arqui-inimigos.
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"O estilo mudou por completo na administração americana. Chegaram homens novos, que não têm um enfoque negativo das relações com Moscou", resumiu o especialista russo Fedor Lukianov, diretor da revista Rússia na Política Mundial.
Em uma série de questões - desarmamento, Irã, Afeganistão - Obama revindica um pragmatismo que rompe com o ambiente de Guerra Fria da época de Bush e Vladimir Putin. Com um grande objetivo em mente: obter a cooperação de Moscou em dois temas cruciais de sua presidência, o Irã e o Afeganistão.
"Já não se manifesta irritação contra a Rússia sobre o assunto da Geórgia, da Ucrânia ou da democracia. Estes assuntos não desapareceram, mas agora estão em segundo plano", estimou Lukianov.
Nas negociações sobre desarmamento, até os militares russos - sempre na defensiva contra seus antigos rivais da Guerra Fria - parecem também apreciar a mudança de atmosfera.
"A antiga administração americana simplesmente não nos escutava, a atual está disposta a ouvir nossas perguntas e a falar", afirmou o chefe do Estado Maior russo, Nikolai Makarov, citado pela agência Interfax.
A imprensa russa também festejou a nova distensão. "A reativação que há tempos se esperava aconteceu", escreveu na terça-feira o jornal pró-governo Izvestia. "Apertaram a tecla (de reinício)", anunciou por sua vez o Vremia Novostei.
Entretanto, é bom não perder de vista que em 2001, nos primeiros meses da presidência Bush, as duas capitais falavam de "reativação" das relações bilaterais. O que aconteceu foi menos promissor.
"Não nos esqueçamos de que Bush e Putin mantinham relações excelentes, mas nada avançava", lembrou Viktor Kremeniuk, vice-diretor do Instituto USA-Canada em Moscou.
"A cúpula de Barack Obama e Dimitri Medvedev é um sucesso. Os presidentes encontraram uma linguagem comum (...). Mas ainda é cedo demais para dizer se isso vai durar", alertou, afirmando que o receio entre as duas potências "continua sendo profundo".
A lista de problemas, por sua vez continua sendo longa, incluindo, por exemplo, os termos da nova redução dos armamentos estratégicos, o projeto de escudo antimísseis americano na Europa e a ampliação da Otan no quintal da Rússia.
Em matéria de desarmamento, Obama e Medvedev fixaram na segunda-feira com seus negociadores objetivos muito amplos de redução de arsenais, numericamente falando. O número de vetores nucleares será limitado entre 500 e 1.100, o mínimo corresponde às exigências russas e o máximo das americanas.
"Estas limitações são muito vagas. Isto mostra que eles não conseguiram aproximar posições", apontou Viktor Essine, antigo chefe do Estado Maior das forças estratégicas russas.
Sobre o escudo antimísseis, Moscou não foi capaz de convencer os Estados Unidos a abandonar o projeto, que percebe como uma ameaça contra sua segurança.
"Continuamos sem saber se os americanos levaram em consideração nossas preocupações (...). Vamos ter que trabalhar muito para chegar a um acordo sobre os armamentos estratégicos", estimou Essine.
Fonte: Yahoo!Noticias