Apesar da festejada aproximação entre Brasil e Estados Unidos, os americanos não abriram mão de nenhuma das centenas de barreiras que impõem à entrada de produtos brasileiros em seu mercado. Só por causa das ações de anti-dumping, o Brasil perdeu US$ 2,7 bilhões em exportações de 1991 a 2006. Enquanto isso, os americanos acenam com agrados para outros parceiros comerciais - os EUA acabam de autorizar a importação de mangas da Índia, depois de 19 anos de barreiras sanitárias, tal como o então primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi fez em sua visita ao Brasil, em 2004.
Mas o Itamaraty adota uma posição serena em relação à falta de gestos de boa-vontade dos Estados Unidos e aposta na Rodada Doha para eliminação das barreiras aos produtos brasileiros. "Há uma forte expectativa de conclusão da rodada de
Os Estados Unidos impõem obstáculos para entrada de carne, bovina, suína, frango, várias frutas, aço, suco de laranja, açúcar, etanol, tabaco, algodão, entre outros, como mostra o relatório de barreiras a produtos brasileiros no mercado dos EUA, elaborado em parceria com a Funcex, divulgado ontem pela embaixada.
A única barreira discutida nos encontros bilaterais entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e George W Bush, em março, foi à tarifa de US$ 0,54 por galão sobre o etanol. E o recado dos americanos não foi dos mais animadores: não haverá renegociação da tarifa pelo menos até o fim de 2008, quando ela expira. Patriota admite que não houve avanço na eliminação de barreiras para exportações brasileiras no mercado norte-americano.
"A grande novidade do relatório é menos a parte das barreiras - o detalhamento do relatório segue padrões anteriores - do que o contexto de intensificação do diálogo em que ele é apresentado, um momento de oportunidade estratégica , que se reflete em etanol, rodada Doha, cooperação na África e Haiti."
Barreiras
O embaixador bate na tecla de que, apesar da persistência das barreiras, o comércio está aumentando. "Apesar da tarifa sobre o etanol, a exportação subiu 1000% de entre 2005 e 2006", diz. Patriota deixou de mencionar que 2006 foi um ano completamente atípico, por causa da entrada em vigência da proibição do aditivo MTBE na gasolina, e que o desempenho não deve se repetir tão cedo, segundo empresários do setor.
Ele afirma que o foco em
Ele cita
Segundo o relatório, no caso do suco de laranja, óleo de soja, e outros produtos, o Brasil vem perdendo espaço para exportadores que têm acordos de preferências tarifárias com os EUA,
Perguntado sobre o que aconteceria com a participação brasileira no mercado americano, no caso de um fracasso da rodada
Lucro protecionista
Uma das poucas boas notícias do relatório é o fim da emenda Byrd, a partir de outubro, que deve levar a uma redução no número de ações anti-dumping movidas pelos EUA. Pela Emenda Byrd, as indústrias dos EUA que acusam exportadores de outros países de dumping recebem parte dos direitos anti-dumping cobrados, criando um estímulo à abertura dessas ações.
A Organização Mundial do Comércio determinou que a emenda feria as leis internacionais de comércio e deveria ser eliminada. O governo agora pretende usar esse resultado favorável da OMC para questionar outras práticas dos Estados Unidos em ações anti-dumping. Exportadores de camarão brasileiros, por exemplo, têm entrado em acordo com os produtores norte-americanos de camarão, para evitar revisão de direitos anti-dumping e serem obrigados a pagar taxas ainda mais altas.
Mas o governo brasileira irá argumentar que essa prática é semelhante à Emenda Byrd, na medida em que há transferência dos recursos dos exportadores brasileiros para a indústria protegida dos EUA, e que portanto é ilegal. No ano passado, empresários americanos embolsaram US$ 1,3 milhão com direito anti-dumping sobre exportações brasileiras de aço, suco de laranja, ferro, camarão. Só dos exportadores de camarão brasileiros foram US$ 150 mil para o bolso dos criadores americanos de camarão.
Fonte: