EUA têm novo rival real na AL, diz analista

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February 27, 2006, 12:00 am
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EUA têm novo rival real na AL, diz analista

Se Washington virou as costas para a América Latina após o 11 de Setembro, agora está alerta e pronto para tolher a figura de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, que desponta como o "primeiro adversário real" dos EUA no hemisfério em muitos anos, embalado pelo crescente rejeicionismo e antiamericanismo na região. É o diagnóstico de Peter Hakim, presidente do "think tank" Inter-American Dialogue.

 

Hugo Chavez
A recente escalada de hostilidades diplomáticas entre os EUA e a Venezuela demonstra isso.

 

Apesar de ter em Chávez um adversário com "recursos petrolíferos para bancar o populismo", Hakim avalia que os EUA não estão alarmados com uma suposta onda populista ou a emergência de uma nova esquerda na região.

 

Porém explica que Washington faz uma clara distinção entre países pragmáticos e ideológicos baseado em três fatores: a centralização política, o fechamento econômico e o antiamericanismo. Por esses quesitos, o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva e o Chile de Michelle Bachelet caem no campo do pragmatismo, onde há um "modus vivendi" aceitável para os EUA.

 

Já o antiamericanismo precisa ser combatido --o problema é a crescente força política derivada dele em países como a Argentina, de Néstor Kirchner, e a Bolívia, de Evo Morales. Leia a seguir trechos da entrevista de Hakim à Folha.

 

Folha - Qual foi o fator marcante da perda de interesse de Washington na América Latina?

 

Peter Hakim - A América Latina desapontou os EUA porque não apoiou a guerra contra o terrorismo, especificamente a invasão do Iraque. Os países da região levam muito a sério o fato de os EUA não levarem o debate à ONU. A América Latina olha para as organizações internacionais porque não são países poderosos, mas dividem o hemisfério com os EUA e precisam se proteger do unilateralismo americano.

 

Folha - Por que? Há uma ameaça de ação unilateralista na região?

 

Hakim - Não uma ameaça imediata, mas eles têm experiência e muita ansiedade a respeito disso. Por isso não surpreende a ênfase em soberania e não-intervenção. Nesse caso, há um ressentimento claro. Tirando o Oriente Médio, nenhuma outra região fez uma oposição tão veemente.

 

Folha - Mas isso é peculiar à administração Bush?

 

Hakim - No meio do mandato de Bush, houve uma redução das expectativas dos EUA. As palavras que definem o clima em Washington com relação à América Latina é desapontamento, desilusão, desencantamento. A região não se tornou o que era esperado há dez ou vinte anos em termos de economia, política e avanço social. A própria América Latina ficou amarga por isso.

 

Folha - Como Washington vê a chamada onda populista e a nova esquerda na região?

 

Hakim - Não acho que há preocupação com a onda de governos de esquerda, mas há uma preocupação séria com o surgimento de um adversário real, na forma de Hugo Chávez. Tirando Cuba, faz muito tempo que os EUA não têm um adversário verdadeiro na América Latina. E agora surge Chávez com uma agenda clara: excluir os EUA.

 

Author: Moises Apsan
Attorney with over 35 years of experience. Past president Federal Bar Association NJ Chapter (1997-2002). Offices in New York, NY, Newark, NJ. Tel: 888-460-4600 http://www.apsanlaw.com
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Monday 27 February 2006
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