Fischer, de 61 anos, chegou ao Japão em abril e foi preso no aeroporto de Narita, perto de Tóquio, no mês passado, quando tentava embarcar para as Filipinas com um passaporte que, segundo autoridades norte-americanas, não é válido.
O enxadrista é procurado pela justiça dos EUA desde 1992, quando disputou uma partida contra seu velho rival Boris Spassky na Iugoslávia, desafiando as sanções econômicas decretadas pelos EUA contra aquele país.
Na semana passada as autoridades de imigração japoneses rejeitaram o primeiro recurso de apelação de Fischer, e, na segunda-feira, a advogada do enxadrista entregou ao ministro da Justiça, Daizo Nozawa, os documentos de um segundo recurso de apelação.
Um representante do Ministério da Justiça disse que é pouco provável que uma decisão sobre a segunda apelação seja tomada em um ou dois dias, mas que o tempo necessário varia de acordo com cada situação.
Como segunda opção, caso a apelação seja rejeitada, Fischer pediu asilo ao Japão, informou sua advogada, Masako Suzuki.
"Em quase todos os casos o governo japonês não obriga uma pessoa a retornar a seu país de origem, enquanto o caso estiver pendente", disse Suzuki à Reuters depois de reunir-se com Fischer, que está preso num centro de detenção de imigrantes no aeroporto.
O Japão só concede asilo a refugiados políticos. Os defensores de Bobby Fischer no Japão dizem que ele está sendo perseguido pelos Estados Unidos.
PASSAPORTE INVALIDADO
Um dos grandes excêntricos do mundo do xadrez, Fischer afirma que seu passaporte nunca chegou a ser formalmente revogado e que a ação foi tomada retroativamente, dizem seus defensores.
"Ele entrou no país (Japão) e teve seu passaporte carimbado legalmente com um visto de entrada", afirmou o consultor de comunicações canadense John Bosnitch, residente em Tóquio e que vem dando assessoria a Fischer.
Segundo Bosnitch, as autoridades norte-americanas avisaram às japonesas em junho, repentinamente, que o passaporte de Fischer tinha se tornado inválido.
Bobby Fischer desapareceu depois da partida de 1992, tendo aparentemente viajado pela Europa e Ásia. Ele ressurgiu após os ataques de 11 de setembro de 2001, em uma entrevista à rádio filipina em que elogiou os ataques.
Suzuki disse que Fischer, que está preso desde 13 de julho, está com aparência cansada e nervosa.
"Ele parece estar muito cansado. Acho que sua condição mental e física não é boa", disse a advogada.
TENTATIVA DE GANHAR TEMPO?
O ex-deputado e amante do xadrez Ichiji Ishii ofereceu-se para atuar como avalista pessoal de Fischer, caso o enxadrista seja solto enquanto seu recurso de apelação é julgado, já que a detenção temporária de imigração pode durar até 60 dias no Japão.
Um representante do Ministério da Justiça disse que, nos casos em que o ministro rejeita uma apelação, o indivíduo geralmente é deportado rapidamente, mas que isso não seria possível se a pessoa solicitasse junto a um tribunal japonês um mandado contra a deportação. Ishii disse que Fischer estuda a possibilidade de impetrar tal mandado.
Bobby Fischer se tornou campeão mundial de xadrez em 1972, ao derrotar o soviético Boris Spassky. Sua vitória foi vista como vitória de propaganda política dos Estados Unidos na Guerra Fria.
O título lhe foi retirado três anos mais tarde, quando autoridades do xadrez rejeitaram as condições que Fischer exigiu para enfrentar o também soviético Anatoly Karpov numa partida. Karpov se tornou campeão mundial à revelia.
Fischer desapareceu até a partida de 1992 contra Spassky, a quem derrotou novamente, e então voltou a desaparecer até dar as declarações sobre o 11 de setembro. O enxadrista, cuja mãe era judia, também já suscitou polêmica no passado com declarações anti-semitas.
Fonte: Yahoo!Noticias